19 de agosto de 2012

VAN GOGH

"Escrevo-lhes de Saintes-Maries, à beira do Mediterrâneo enfim. O Mediterrâneo tem uma cor igual à das cavalas, ou seja, mutante: nunca se sabe se é verde ou violeta, nunca se sabe se é azul, pois no instante seguinte o reflexo mutante toma um tom rosa ou cinza..."
Passei a noite à beira do mar na praia deserta. Não foi alegre, mas tampouco foi triste: foi belo. O céu de um  azul profundo estava salpicado por nuvens de um azul ainda mais profundo que o azul fundamental de um cobalto intenso, e por outras de um azul mais claro, como a alvura azulada de vias lácteas. No fundo azul as estrelas cintilavam claras, esverdeadas, amarelas, brancas, rosas, mais claras, adiamantadas como pedras preciosas, que para nós - mesmo em Paris - seria o caso de dizer: opalas, esmeraldas, lápis-lazúli, rubis, safiras."
Trecho extraído do livro: VAN GOGH, Vincente - Cartas a Théo/Antologia. Pág.62. Ed.L&PM Pocket (1986).

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